quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Fugir ou ficar. Eis a questão.

É certo que os problemas, a crise, o dinheiro, a incerteza, tudo isso desperta em nós o sentimento de fuga e um desejo infantil de mudar de vida, assim, de um momento para o outro.

Em adultos deslumbramo-nos com as histórias de quem teve a coragem de sair daqui, de quem teve coragem de ir à luta. É certo que também tenho esses dias, esse desejo, ou até essa admiração, por quem já fez mais que eu. Porém, noutros dias, acho que ter coragem será ficar e lutar num país, ou até mesmo numa cidade resignada, parada, morta. Haverá maior luta que essa?

Fugir, quando se tem pouco, talvez não custe tanto. A bagagem e as saudades não pesam nos muitos quilómetros a fazer. Fugir, quando se tem ou se teve muito, faz sempre pensar naquilo que fica e num possível fracasso dessa fuga. Foge-se por um ideal, por um objetivo, por uma ambição, por um ser maior que nós próprios, por uma falta de identificação com um país que nada faz pelo orgulho nacional e pelas suas gentes.

Fugimos, sempre, para mudar de vida. Para conquistar uma qualidade que a torne melhor, seja o amor que descobrimos noutra parte do mundo, do país, a oportunidade da carreira de sucesso, o desejo de nos tornarmos cidadãos do mundo, a incapacidade de assentar num só local.

Fugir é raramente altruísta, porque antes de fugirmos de alguma coisa, estamos tantas vezes apenas a fugir de nós.
 
 
 
 
Ainda assim, a fuga dos outros, faz-me pensar se tenho essa capacidade e esse espírito, ou se fui feita para ficar.
 
 

 

1 comentário:

  1. Eu fui feita para ficar.
    Foi aqui que nasci. Tenho tudo o que mais me importa aqui: a minha familia.
    Quero poder estar perto deles ( ainda que não tão perto assim) para que se algo lhes acontecer não ter meio mundo para atravessar.
    É aqui que quero estar para poder ver os meus sobrinhos nascer ( quando os tiver!) e é aqui que quero que os meus filhos cresçam ( se algum dia os vier a ter!).
    Há países bonitos para visitar, e outros bons para viver.
    Mas o meu é o mais bonito de todos.
    É aqui que quero ser feliz.
    Nasci aqui e espero morrer aqui.
    ( Vejo que voltas-te à escrita...MUITO BEM! ;)

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