quarta-feira, 31 de julho de 2013

Amores impossíveis

Quantos de nós não terá uma história de um amor ou até, de uma paixão impossível? Todos nós, mesmo os mais insensatos de coração terão uma história de natureza muito diversa. Desde a nossa entrada no mundo das paixões, dos amores que dão cor à nossa vida, todos temos uma história que não seguiu em frente.
A este propósito lia há dias, um pequeno texto sobre um exemplo de amores impossíveis. Amores incapazes de ultrapassar a fronteira… do casamento. De facto, dificilmente uma relação sem prazo, sem compromisso, sem “nada em concreto”, sem garantias de eternidade, se torna uma relação completa, apenas se tornará, com toda a certeza, num encontro de corpos com almas depositadas noutros espaços, bem mais seguros, estáveis, socialmente aceites e moralmente inatacáveis.

“Aconteça o que acontecer, sempre gostarei de ti”. É uma espécie de missão impossível, compreender racionalmente o que é irracional numa relação amantizada. Reinará a irracionalidade do amor impossível, até surgirem os primeiros laivos de racionalidade, até então o tempo escorre sem compromissos, com “calma e tranquilidade” que nenhum amor, nenhuma relação estável e solidamente construída, algum dia se atreverá a ter. A clandestinidade é a sua força e, no seu oposto, a sua fragilidade, acompanhada de um conjunto de transgressões dignas de qualquer adolescente, mas carregadas de adrenalina e simbolismo na altura em que são vividas.

Com isto, o tempo vai lentamente matando os amores impossíveis. As mágoas de quem se sente incapaz de mudar mas que continua a prometer uma relação normal, como amuos, desconfianças e juras de amor eterno, de acordar lado a lado, mesmo ambos sabendo, desde o início, que o fim acabará por surgir, por vontade própria ou por assalto de quem se sente enganado.
 
Ficarão as memórias, as boas memórias, as lealdades de quem viveu escondido, os segredos só conhecidos por quem os viveu, as dúvidas sobre o futuro, a ficção da felicidade.

 
 
 
 Inspiração retirada de uma crónica do Psiquiatra, José Gameiro, in Expresso – Revista.

Sem comentários:

Enviar um comentário