quinta-feira, 18 de abril de 2013

Programa Novas Oportunidades: o fim... há muito anunciado.

Como já aqui tinha referido, o novo ano arrastou-me pela primeira vez para o desemprego. Após algumas semanas de inatividade laboral, voltei novamente, até finais de março de 2013 ao centro Novas Oportunidades onde trabalhei nos últimos cinco anos... para o fechar de vez. É com melancolia, saudade e tristeza que vejo tudo terminar de uma forma tão inglória.
 
De facto, o fim das Novas Oportunidades, há muito estava anunciado. Relembremos as declarações de Passos Coelho aquando da campanha, classificando o programa como «um escândalo» ou «uma credenciação à ignorância». O atual PM anunciou nessa mesma ocasião que, se formasse executivo, instauraria uma auditoria externa à iniciativa lançada pelos governos socialistas.
 
Nada mais absurdo. O cúmulo é falar-se sem saber. Aliás, Pedro Passos Coelho, à semelhança de muitos comentadores políticos que pautam o panorama nacional não têm conhecimento de causa. Limitam-se a analisar a questão e retirar as suas próprias ilações. Sem conhecimento de causa. Sem saber na realidade como as coisas são no terreno. Mas não. O importante é quebrar com ideologias passadas, quebrar um ciclo associado a Sócrates e ao governo Socialista, sem analisar os estudos independentes da Universidade Católica que já existiam.
 
Por isso, desde o ínicio, que sempre se associou a vitória da maioria PSD/CDS ao fim deste programa. No entanto, para não serem alvo de críticas e para não terminarem de rompante como era sua intenção, Pedro Passos Coelho e o seu executivo decidiram pedir uma avaliação aos centros Novas Oportunidades, afirmando por essa altura que a tomada de decisão estaria dependente do resultado da avaliação.
 
Tal estudo, encomendado à medida ao Instituto Superior Técnico (não percebo porque não terá sido à Lusófona), concluiu aquilo que este executivo queria que se concluisse: que os processos RVCC só tiveram impacto significativo no aumento da probabilidade de emprego para um desempregado quando se trataram de RVCC Profissional ou quando estivessem associados a Formações Modulares Certificadas. Neste último caso, o efeito era mais significativo em adultos com baixas qualificações (1.º ao 3.º ciclo). Por outro lado, referia que o impato dos processos RVCC sobre as remunerações é praticamente nulo.  Referia ainda que o impato do processo de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC) nas condições de emprego e remuneração "é muito reduzido".
 
Pergunto eu - porque julgo que por vezes deverei ser demasiado ignorante - não estamos nós a atravessar uma crise económica??!? Avaliar um programa à luz daquilo que mais quebras tem sofrido na nossa sociedade: salário e emprego?? Porque não avaliam por isso as Universidade e Politécnicos deste país que licenciam todos os anos centenas de jovens e adultos e que em nada influencia a sua condição? Muito pelo contrário, o desemprego dos jovens licenciados nunca apresentou taxas de desemprego tão altas! Iremos também fechar essas instituições de ensino superior?!
 
Não. Interessar fechar tudo aquilo que representam ideologias passadas e ponto final.
 
O processo RVCC, mais especificamente, permitia que adultos, maiores de 18 anos pudessem ver as suas experiências de vida, por vezes tão vasta e rica, à luz de um referencial de competências-chave certificadas, obtendo com isso uma equivalência escolar. Não era um certificado dado. Muito pelo contrário, muitos eram aqueles que não detinham experiências de vida que fossem ao encontro daquilo que era exigido e por isso obtinham a certificação parcial, necessitando para isso a frequência em diversas formações de forma a obter a certificação total que lhes permitia nesse caso a obtenção de um nível escolar de 4º, 6º, 9º ou 12º ano. Mas também, muitos foram aqueles que fizeram jus ao célebre ditado: "Não há melhor escola, que a escola da vida".
 
Terei saudades das pessoas que conheci ao longo destes anos, terei saudades daquilo que me enriqueceu enquanto pessoa e enquanto profissional, das histórias de vida, ora tristes, ora bem felizes que conheci.
 
As Novas Oportunidades foram de facto para mim, uma grande escola. E como tudo o que se torna grandioso na vida de cada um... terá sempre um lugar no coração.
 
E sim, agora é de vez! Estou desempregada! Obrigada Nuno Crato e Passos Coelho. Vou procurar a minha "janela de oportunidade".
 
 


 

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