terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Coisas que me chateiam #3


No seguimento do post “Dr. Relvas” ocorreu-me uma ideia para o post de hoje, até porque noutro blogue que gosto de cuscar o tema também era precisamente este: o elitismo profissional.
Infelizmente, neste país a doença da doutorice é aguda. Um curso só em si não deveria tornar ninguém mais inteligente ou mais interessante.

Achar-se mais que alguém porque se tirou um curso elitista de médico, dentista, engenheiro, arquiteto ou advogado, é algo que me tira do sério. Assim como ver médicos tratar outros médicos por Dr. só para inglês ver. Nada tenho contra estas profissões, penso até que quem as tem será por mérito. Mas nem todos podemos seguir estas profissões, erradamente consideradas elitistas. E mais importante? Nem todos queremos. Muitas vezes, ao contrário do que se pensa, não é por falta de capacidades, é por falta de vocação ou interesse.
Uma profissão não é quem somos e muito menos nos dá direito de olhar de cima para os outros.

Já vi médicos verdadeiramente arrogantes na forma como tratam o paciente, sem humanidade, sem capacidade de conseguir sequer falar com os outros e já vi mulheres-a-dias que conseguem ter uma conversa interessante e inteligente, humana. E, claro, o vice-versa. Por isso me chateia cada vez que vejo alguém tratar menos bem uma pessoa, só porque se acha melhor que ela. Na verdade, tenho verdadeiro desprezo por quem se acha melhor que os outros.
Chateia-me que estas classes elitistas gozem de um estatuto praticamente inigualável na sociedade portuguesa julgando-se os donos absolutos da verdade e sabedoria.

Uma pessoa correta nos seus valores ético-morais, é na minha opinião, mais credível que um Dr. /Dr.ª que se acha superior, e mais, que faz questão de demonstrar aos olhos dos mais desgraçadinhos que não tiveram possibilidade na vida de usufruir de uma educação idêntica, que usufruem de um status social superior somente por isso.
Vivemos numa sociedade elitista. Ninguém me diga o contrário. As médicas não casam com os desgraçadinhos. Nem os advogados com a mulher-a-dias.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A nossa exigência perante o amor #2


Já queria ter escrito este post na semana passada, até porque julgo que o comentário deixado pela Maria da Felicidade é digno de comentar. Comentar o que existe para comentar, que não é pouco e precisa de alguma inspiração.

A Maria da Felicidade é autora deste blogue aqui. Um blogue cativante, tanto pela pessoa que ela é, tanto pela mensagem em si, como pela mensagem de amor e dos stencils que aqui está adjacente.

Maria da Felicidade: todos “queremos ser excecionalmente felizes” o problema está na dificuldade em o conseguirmos.

Na verdade, Maria da Felicidade, as divagações que aqui escrevo, não são mais do que isso: divagações. Quem lê este blogue já se apercebeu que não tenho coerência nos temas que abordo, aliás, ao reler alguns post´s consigo adivinhar o meu astral do dia em que o escrevi. E este blogue é isso mesmo. Uma oportunidade para falar de tanta coisa que me ocorre diariamente. Acaba por ser um despejar e nada mais que isso. Não tenho pretensões que o leiam. Julgo até que deverei ter duas ou três seguidoras, e nada mais do que isso. A ideia deste blogue, como já aqui referi, foi empolgada por uma amiga insistente e a ela agradeço esse incentivo porque houve dias em que o que escrevi acabou por ser uma terapia.

A chegada às 1000 visitas acabou por ser uma agradável surpresa, assim como as “visitas” regulares que recebo de países como o Brasil, a Alemanha e a França.

Desculpem-me todos aqueles que poderão achar ofensiva algumas formas de pensar que aqui exponho. Como socióloga, não consigo desligar de mim esta forma de olhar para os fenómenos que me rodeiam, principalmente no que às relações humanas diz respeito. E como fenómenos que são, dizem respeito a uma sociedade toda e não a ninguém particular. Muito pelo contrário, acredito que haverá n casos específicos e que fogem à regra. Nem toda a gente é “farinha do mesmo saco”, nem toda a gente fica no mundo do descartável. Acredito que existam pessoas com sentimentos nobres e a quem a palavra amor é vivida e sentida de forma pura e verdadeira e não interesseira e… descartável.

Assim como o que referi acerca da oportunidade que nós devemos dar ao amor. É verdade, e respondendo ao teu comentário Maria da Felicidade, por vezes as desilusões são tantas que acabamos por nunca nos entregar de corpo e alma. Porque já sofremos demasiadas vezes. Porque acreditamos inconscientemente na outra pessoa outras tantas vezes. E porque nos desiludimos outras tantas. E não há coração que resista. Mas encontrar um amor, pode ser uma luta infinita. E que infelizmente poucos se conseguirão dar como vencedores.

Não falo por experiência própria, Maria da Felicidade. Penso até que aos olhos de muita gente terei tudo para… ser feliz. A dificuldade e a proeza está em consegui-lo com aquilo que temos. Fui precoce e sortuda no amor. Encontrei-o com 17 anos e não duvido que será para sempre. Porque ambos damos oportunidade ao amor. Dou oportunidade de continuar a acreditar e lutar por tudo aquilo em que acreditei com 17 anos e com 22 anos quando casei.

Respondi? Comentei? Penso que não. Uma vez mais… este post não foi mais que uma divagação… e um desabafo.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mais um episódio "Dr. Relvas"


Penso que já o assumi aqui: o Relvas (para além do Portas) é uma das personagens do nosso panorama político com o qual não vou à bola. De todo. Para além daquele ar sorridente e mafioso com que se apresenta sempre, julga-se o suprassumo do Governo (o que não será de todo falso já que o Passos Coelho acaba por ser um dos seus apóstolos). O que me surpreende mesmo, é que mesmo apesar de todo o escândalo em torno da sua licenciatura, Relvas parece cada vez mais alegre e mais…. Inconsciente. Manifestar o seu apoio público com pompa e circunstância ao candidato da Câmara Municipal de Lisboa só demonstra que está alienado da realidade. Alienado porque julga que o povo português o tem como uma pessoa credível e porque julga que o seu voto conta para alguma coisa. De facto, ignora por completo que os portugueses (mesmo os portugueses além fronteiras) não o respeitam.

Avizinha-se que Fernando Seara irá começar uma pré-pré campanha tenebrosa: com um patrocínio deste calibre não é razão para menos.





 
P.S:. tenho pena que Portugal apenas exige que se tenha uma licenciatura para que não se tenha de usar o título de "senhor", o que noutros lugares é um elogio por cá é um insulto. Dizia-me um dia um colega de trabalho, “Portugal tem a doença da doutorice”. Nada é mais verdade do que isso.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A nossa exigência perante o amor


Penso que à medida que nos vamos tornando mais velhos, aumentam as possibilidades de encontramos a “pessoa” da nossa vida, mas também… as probabilidades de ficarmos sozinhos. O nosso crescimento traz sabedoria, mas também exigência, e acabamos por ser todos tão exigentes em relação ao amor! Eu acho que a maioria das pessoas vive triste porque no fundo idealiza e cultiva um amor sem objeto. Um amor à procura de um amante, de um amigo e de um companheiro.

Poucos serão os que se podem orgulhar de o amor “ter-lhes batido à porta”. Mas na minha opinião este cenário será demasiado fantasioso. Assim como a ideia que o amor surgirá no caminho de casa para o trabalho. O amor, não nos bate à porta, entra sim pela casa dentro. Mas deixar o amor entrar, dar oportunidades ao amor, não é permanecer agarrado aos amigos do trabalho nem às relações que vêm da escola. Infelizmente, devido às relações sociais que estabelecemos desde sempre, a probabilidade de encontrar alguém diminui.  E sim, porque a nossa exigência dos anos também nos leva a ver defeitos, que à luz das nossas relações falhadas atingem uma dimensão tal que não permitimos qualquer aproximação.

Dizia-me uma colega de trabalho em relação ao filho, 35 anos, solteiro, bem-parecido, mas que continua a saltitar de relação em relação, e de relações de fins-de-semana a relações de verão, dizendo que “não encontra mulheres sérias”. Mas será mesmo assim? Não seremos nós demasiado idealistas em relação à pessoa que queremos a nosso lado? Acredito, e desculpem-me a sensatez, que saltitar de relação em relação é a antítese para a descoberta de um grande amor. Porque a forma descartável como vivemos as relações faz com que hostilizemos um verdadeiro amor que nos possa surgir. É verdade que os contos de fadas não existem, mas saberemos nós dar oportunidade ao amor? Será a culpa sempre dos outros?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Politiquices e mais medidas sem jeito nenhum


Preocupa-me. Preocupa-me que a questão da extinção de freguesias tenha sido hoje debatida no Parlamento. Preocupa-me o evidente despovoamento e desertificação que tal medida vai agravar, transformando as nossas localidades em lugares abandonados, causando o desaparecimento da identidade, da bandeira da freguesia, da cultura e do património de muitos anos de história.
 
Muitos dirão que as freguesias de pouco mais servem a não ser dar almoços grátis à população, levar os idosos a Fátima, arranjar uns quantos cursos de culinária e informática e afins. Mas não, as freguesias são isso e muito mais, as freguesias defendem o já pouco que têm. As freguesias prestam o único apoio que ainda resta à sua população. Se são necessários sacrifícios coletivos, porque não começar pelas grandes cidades onde o estado injeta diariamente milhões de euros só para financiar os transportes públicos? Porquê atacar sempre o mais pequeno?
 
Mais gravosa ainda é a não responsabilização deste governo, querendo após a aprovação da medida remeter para as assembleias de freguesia a definição das sedes. Serei só eu a achar isso, mas não será este “resolvam vocês” uma bomba atómica? Ou as pessoas serão muito pacíficas, ou avizinham-se grandes cenários de guerra nas Assembleias.
 
Mas sim, sou da opinião que algo deveria ser feito. Portugal nunca terá capacidade financeira para pagar todas estas estruturas públicas. No entanto, não concordo com estas medidas em cima do joelho. Em que se muda, porque sim, porque tem que se quebrar com ideologias passadas independentemente dos seus resultados e sem nunca olhar para as repercussões que tais medidas terão no futuro.