No seguimento do post “Dr. Relvas”
ocorreu-me uma ideia para o post de hoje, até porque noutro blogue que gosto de
cuscar o tema também era precisamente este: o elitismo profissional.
Infelizmente, neste país a doença da
doutorice é aguda. Um curso só em si não deveria tornar ninguém mais
inteligente ou mais interessante.
Achar-se mais que alguém porque se tirou
um curso elitista de médico, dentista, engenheiro, arquiteto ou advogado, é
algo que me tira do sério. Assim como ver médicos tratar outros médicos por Dr.
só para inglês ver. Nada tenho contra estas profissões, penso até que quem as
tem será por mérito. Mas nem todos podemos seguir estas profissões, erradamente
consideradas elitistas. E mais importante? Nem todos queremos. Muitas vezes, ao
contrário do que se pensa, não é por falta de capacidades, é por falta de
vocação ou interesse.
Uma profissão não é quem somos e muito
menos nos dá direito de olhar de cima para os outros.
Já vi médicos verdadeiramente arrogantes
na forma como tratam o paciente, sem humanidade, sem capacidade de conseguir
sequer falar com os outros e já vi mulheres-a-dias que conseguem ter uma
conversa interessante e inteligente, humana. E, claro, o vice-versa. Por isso
me chateia cada vez que vejo alguém tratar menos bem uma pessoa, só porque se
acha melhor que ela. Na verdade, tenho verdadeiro desprezo por quem se acha
melhor que os outros.
Chateia-me que estas classes elitistas
gozem de um estatuto praticamente inigualável na sociedade portuguesa julgando-se
os donos absolutos da verdade e sabedoria.
Uma pessoa correta nos seus valores
ético-morais, é na minha opinião, mais credível que um Dr. /Dr.ª que se acha
superior, e mais, que faz questão de demonstrar aos olhos dos mais
desgraçadinhos que não tiveram possibilidade na vida de usufruir de uma
educação idêntica, que usufruem de um status social superior somente por isso.
Vivemos numa sociedade elitista. Ninguém
me diga o contrário. As médicas não casam com os desgraçadinhos. Nem os
advogados com a mulher-a-dias.