segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Cartas de amor Vs Facebook


Parece que o tempo das cartas de amor ficou já num passado muito longínquo. O tempo em que se vibrava com a espera, com o difícil e a ansiedade da resposta. Atualmente, quem dita as regras de qualquer enamorado é o facebook.
 
O comentar ou não uma foto, o like que se colocou ou não. Estes simples mecanismos virtuo-sociais (é um novo conceito meu!) podem ditar o futuro de uma relação. Quantas traições não se descobriram já? Quantos pensamentos são colocados com vista a atingir determinada pessoa? Há tempos ouvia esta seguinte conversa “ coloquei uma nova foto de perfil e ele nem um like colocou, só pode ser sinal que não quer nada comigo”. E não, não eram adolescentes.
 
Depois há todo o ritual de quem adiciona quem. "Se me adicionou é porque tem interesse em mais alguma coisa". Este raciocínio é depois empolado, como não podia deixar de ser, pelo que se publica por essa altura. Segue-se o frenesim das mensagens privadas, em que de dez em dez minutos se vai ver se a pessoa já leu o que lhe foi enviado.
 
Depois há também a fatal triagem: "Epá, andei a cuscar-lhe o Facebook e adorei. Tem gostos requintados e parece ter uma vida fabulosa! Farta-se de viajar e tem um ar tão feliz!” ou do género “ Só coloca likes em fotos de mulheres. Deve ser do género que vai com todas. Esquece, nem lhe vou dar resposta". E pronto, desfaz-se qualquer tipo de amizade ou possibilidade de algo mais porque o Facebook assim o ditou.
 
Não acredito que haja alguém totalmente seguro quando o tema é o coração. Face ao amor acabamos por ser sempre imaturos e o facebook faz sobressair de nós, esta nossa face. A segurança de um ecrã faz-nos libertar todos os nossos desejos, receios e toda a fase do enamoramento vivido em décadas passadas desaparece e dita aqui a época do descartável, onde uma vez mais, o facebook contribui.
 
Onde ficam no meio disto os encontros em que tudo era uma descoberta? Onde fica a deliciosa incerteza que tanta cor dá ao percurso de duas pessoas que cruzam os olhares e têm vontade de mais? Onde ficam as cartas de amor e os demorados telefonemas em que se contava até três para desligar?


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